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A Corrida e o Testamento do Galo assumem a figura de sátira social, que remonta - segundo a memória dos mais antigos - a meados do século XIX.
Esta começou por ser uma festa da comunidade com o propósito de reunir a população numa atividade lúdica e recreativa em pleno Domingo Gordo.
Várias localidades assinalavam o momento com a leitura do Testamento do Galo, que anunciava o seu triste destino e regozijava por poder ser comido pelos seres humanos em vez de acabar debaixo da terra: Deixo, e é minha vontade/Seja a minha sepultura/Dentro dos corpos humanos, /Que é melhor que terra dura. Após a leitura do testamento, o Galo era lançado à população - que se reunia, por norma, no local mais amplo e central da freguesia -, que se precipitava na tentativa de agarrá-lo e poder desfrutar da sua deliciosa carne.
A maioria das localidades acabou por abandonar esta prática, mas a comunidade escolar da escola EB 1 de Francelos, na Vila de Prado, mantém-na bem viva e animada. Trajadas com a indumentária tradicional minhota (nada de máscaras e outras indumentárias contemporâneas), as crianças reúnem-se, pela manhã, no dia que antecede a partida para as férias escolares de Carnaval, para aí cumprirem, mais uma vez, a tradição.
Porém, a tradição manda que os alunos de cada ano escolar comprem o melhor Galo junto dos agricultores da terra, que será entregue, no final, à professora. Note-se que, inicialmente, o Galo era levado à casa da professora que, por norma, era residente na freguesia, mas fora deste dia letivo. Agora, a professora recebe-o em plena escola e logo após a récita do testamento e da corrida do Galo.
Os Galos são colocados em carrinhos ornamentados e retirados para iniciar todo o ritual. Ou seja, os alunos colocam o Galo num buraco do recreio da escola e, depois de libertado, inicia-se a correria para agarrá-lo e entregá-lo, posteriormente, à professora. Trata-se de um momento hilariante que acaba por ser uma jornada de convívio e grande animação para toda a comunidade escolar.
A primeira fase da produção do linho é o cultivo. Semeado geralmente em finais de Abril, por alturas do S. João, o linho está maduro e é colhido, através da técnica da arriga: as plantas tenras são arrancadas à terra e dispostas em molhos.
Depois é transportado para o carro de bois, onde se procede à ripa. Fazem-se então os "ougadoiros": molhos que se enterram junto ao rio, em pequenas covas, tapadas por areia, durante mais ou menos uma semana. Daí, o linho é levado para a eira onde é guardado e, mais tarde, malhado.
Depois, o linho é esmagado numa máquina chamada engenho e guardado durante um período de tempo que pode atingir vários meses. A espadelada (ou serão) era uma ocasião de festa: juntava, a horas tardias da noite, muita gente que se dedicava, entre brincadeiras, cantigas ao desafio e bailarico, ao trabalho. Os molhos eram separados nos sedeiros em linho fino, o linho propriamente dito, e estopa, usada para fazer roupas mais grosseiras.
Então é altura de pegar na roca e no fuso, para fiar o linho em meadas, penduradas depois para secar. A fase seguinte é a cozedura, que pode ser feita no forno ou em panelas. Depois de uma sequência de lavagens, barrelas e cozeduras, em água e cinza, para branquear o linho, o processo está praticamente concluído, faltando apenas dobar, urdir e tecer o fio. Apesar deste processo, de tão moroso e complexo que é na sua forma tradicional, estar hoje em dia praticamente ultrapassado pelos processos industriais, há ainda quem recorde os procedimentos artesanais e os recrie, ocasionalmente, em favor da manutenção desta importante tradição.
Na Vila de Prado, a noite do dia de Páscoa junta todos os anos largas centenas de pessoas que acorreram à velha ponte filipina sobre o Cávado para cumprir uma tradição que se perde na memória do tempo.
Estamos perante um ritual de origem desconhecida a que lendariamente está associada a prevenção de dores de cabeça ao longo do ano. Acredita-se que quem comer um ovo cozido sobre a ponte quando soam as doze badaladas da meia-noite, lançando as cascas ao rio e entoando aleluias, ou comer amêndoas nesse mesmo dia, ficará sem dores de cabeça durante todo o ano.
As Oblatas faziam-se ao oitavo dia depois do falecimento; como que são correspondentes à nossa missa do saimento. Os parentes e amigos encorporavam-se em casa dos doridos e assim iam enfileirados para a igreja, onde o pároco fazia uma reza apropriada ao caso. No fim, davam todos ao padre uma esmola, que nunca seria de menos de vintém, custo de cada responso oferecido pela alma do finado: é a oblata. O costume da colação no dia do enterro existia também em Vila Verde.
Existia ainda no concelho de Vila Verde uma outra oblata: o abade mandava um carro a casa dos fregueses para receber a obrada e de cada viúvo ou solteiro recebia uma rasa de milho, ou duas sendo casado.
Por cada baptizado ou casamento recebia o padre uma galinha e dois pães, e por ocasião da Páscoa, os ovos ou o pão-de-ló, o trigo ou dinheiro com que a generosidade dos fregueses agradecia a visita da Cruz.
É um costume também extinto e realizava-se durante a quaresma. Na altura em que se ouvisse o toque das trindades (no final do dia), as pessoas juntavam-se num sítio ermo e começavam em voz alta a cantar uma música datada do séc. XVII.
"Ó irmãos meus, filhos de Jesus Cristo!
Lembrai-vos das benditas almas,
Que sofrem as penas do purgatório."
Esta manifestação criada com o pretexto de pedir pelas almas do purgatório, terminava com a evocação em silêncio de um Padre Nosso e uma Avé-Maria. Esse costume, que faz parte do folclore minhoto, começou no concelho de Vila Verde, em Cervães, pelo fundador do Santuário de Nossa Senhora do Bom Despacho, o eremitão João da Cruz.
O Arco de Casamento era colocado à porta da Igreja, para que os noivos passassem debaixo. Este arco era formado com varas, ornamentadas com colchas, lenços, peças de bragal e cordões de ouro.
O Arco de Casamento era colocado à porta da Igreja, para que os noivos passassem debaixo. Este arco era formado com varas, ornamentadas com colchas, lenços, peças de bragal e cordões de ouro. Sobre uma mesa colocavam pão e vinho.
Tudo isto simbolizava a abundância própria da esposa nos objetos da arca, e a do esposo, no pão e no vinho.
Julga-se que a origem dos lenços de namorados remonta aos trajes das senhoras nobres dos sécs. XVII e XVIII, a partir dos quais foram adaptados pelas mulheres do povo; adquiriram, assim, expressões de maior simplicidade ao nível das técnicas e materiais utilizados na sua elaboração, com o fim de conquistar o seu namorado.
O linho foi parcialmente substituído pelo algodão, o que deu origem aos chamados "lenços da tropa" que se vendiam nas feiras; o bordado a ponto de cruz foi parcialmente substituído pelo ponto corrido ou de pé-de-flor, de cadeia e canutilho, de mais fácil execução e até as cores foram alteradas.
O preto e o vermelho foram substituídos por uma grande variedade de cores que vieram introduzir uma enorme riqueza cromática. Os motivos bordados eram de grande diversidade, ao gosto de cada bordadeira que recorria a símbolos religiosos, corações e chaves, borboletas, par de namorados e outros. Quanto aos textos, estes podiam assumir a forma de palavras soltas, frases ou quadras. Neles, a sua autora, de uma forma mais ou menos explícita, assumia os seus sentimentos pelo rapaz que, se estivesse interessado no namoro, iria usar o lenço ao pescoço.
Na noite de 30 de Abril para 1 de Maio o "demónio" anda de porta em porta para descobrir as moças preguiçosas e estas revelam-se por não fazer as lindas coroas de flores para porem às portas ou nas fachadas das suas casas como sinal de "aqui há moça casadoira".
Toda a rapariga deve dizer "não" à visita do demo e automaticamente dá o sinal de que ali há um bom partido para o futuro lar. Se não tem tempo para fazer um maio artístico, um simples ramo de giesta em flor tem o mesmo significado. Durante a noite as raparigas escondem-se atrás das janelas para ver os seus pretendentes.
Os rapazes por sua vez procuram "roubar" o maio àquela que já lhe tocou na alma. Assim, noite fora, uma juventude cheia de alegria e coragem vai procurar o maio da sua amada, o que por vezes não é fácil, pois, de propósito, o maio, é atado com artimanhas ou colocado em lugar de difícil acesso. É neste simples acto que se vê a coragem do seu pretendente.