Home » Visitar » Cultura » Património Imaterial » Festas, Romarias e Feiras » Festas e Romarias
Decorre o ano de 1195 e, a 15 de Agosto, nasce mais um menino em Lisboa. Batizaram-no com o nome de Fernando de Bulhões. Ninguém podia prever que aquele menino viria a ser conhecido em todo o mundo como Santo.
Com 25 anos de idade, tomou o hábito dos Franciscanos no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde passou a ser conhecido por Frei António.
De facto, não há outro mais famoso, mais requerido e também mais pronto a conceder milagres que Santo António de Lisboa. Apelidado de “Santo casamenteiro”, “protetor dos animais”, “restituidor do desaparecido”,“livrador das tentações demoníacas”, “padroeiro da classe dos comerciantes”, “Santo dos milagres”, a ele tudo se pede não como intercessor, mas como autoridade celestial.
Em Portugal, Santo António é muito popular e um dos mais venerados, mas raramente aparece como orago ou padroeiro das cidades e vilas. Vila Verde não foge à regra e, embora não sendo padroeiro, é o Santo mais venerado.
Sabe-se que, pelo menos desde 1706, é venerado na Capela de Santo António em pleno centro de Vila Verde. As Memórias Paroquiais do Dicionário Geográfico de 1758, que D. José ordenou se fizesse, assim o comprova: “há uma ermida, tem capella chamada de Santo António de Vila Verde… onde… acode romage em dia de Santo António, em dia de Santa Luzia e em dia de S. Braz…”.
Hoje, as festas antoninas continuam a realizar-se e decorrempor vários dias. A elas acorrem milhares de pessoas vindas do norte de Portugal e vizinha Galiza. O dia 13 de Junho é feriado municipal. Os dias que antecedem o 13 de Junho são de preparativos para o acontecimento: os arcos de festa iluminados pelas principais ruas, as diversões para os mais novos, as barracas de farturas, pipocas, as tradicionais tascas de comes e bebes, os vendedores de diversos produtos espalhados pelo arraial e os altifalantes com músicas para vários gostos dão movimento e alegria.
A coexistência de profano e religioso sucede-se ao longo de todos os dias de festejos, constituindo uma das mais ricas expressões da cultura popular que confere fortes e variados motivos de atração.
A Eucaristia, com sermão alusivo a Santo António, a procissão com inúmeros figurantes com especial participação das crianças, os andores decorados com flores naturais, as bandeiras e outros estandartes proporcionam um espectáculo de cores:amarelos, vermelhos, azuis, verdes…
Milhares de devotos incorporam a procissão, em agradecimento por graças concedidas pelo Santo.
Na retaguarda da procissão vão as bandas de música tocando várias peças até à Igreja Matriz. Os transeuntes param e aglomeram-se nos passeios a ver passar a procissão. As penitências, o pagamento de promessas, a oferta de esmola, o beijar a imagem do Santo, são as principais manifestações de fé da população.
Outros tipos de animação ao longo destes dias se vão sucedendo: os grupos de zés p´reiras, gigantones e cabeçudos, anunciam a festa logo pela manhã. O festival internacional de folclore, cantares ao desafio, eventos desportivos, espectáculos musicais com grupos de renome a nível nacional e internacional, concursos diversos, exposições, jogos tradicionais, corridas de cavalos e muitos outros acontecimentos preenchem o programa da festa.
Nas noites de Santo António, o fogo de artifício, a fogueira, as rusgas, as sardinhas assadas, propiciam momentos de convivência espontânea entre todos os presentes até altas horas de madrugada.
O Santuário de Nossa Senhora do Alívio localiza-se no lugar do Alívio, em Soutelo, junto à EN que liga Vila Verde a Braga.
É um edifício de características muito simples, de planta rectangular, cuja frontaria apresenta duas torres e um frontão triangular encimado pela imagem da Virgem com o Menino.
O interior caracteriza-se pela existência de seis pilastras, entre as quais se abrem grandes janelas que sustêm os arcos que estruturam o tecto em abóbada.
A sua construção, que se iniciou por uma Capela, deve-se ao Reverendo Francisco Leite Fragoas, no cumprimento de uma promessa a Nossa Senhora, na sequência de uma grave doença que o afetou.
O santuário do Alívio é um importante centro de peregrinação, como se comprova pela presença permanente de peregrinos, em especial ao Domingo, dia em que também se realiza uma pequena feira. Porém, os dias mais importantes são o segundo e terceiro domingos de Setembro, altura em que ocorre a romaria em honra de Nossa Senhora do Alívio, na qual as procissões adquirem particular destaque. A procissão do primeiro domingo, que sai do Santuário e ali regressa, carateriza-se pela existência de vários andores, com destaque para o de Nossa Senhora do Alívio e muitos figurantes com bandeiras e outros estandartes. A procissão do segundo domingo é marcada pela concentração dos peregrinos em dois locais distintos: o centro de Vila Verde e o cruzeiro dos Quatro Evangelistas em Soutelo. Destes locais, os peregrinos vão, em procissão, até ao Santuário. Para além das procissões, realiza-se em ambos os dias, missa campal, cumprimento de promessas e feira.
A participação de milhares de pessoas nas diferentes atividades que se realizam nestes dias, constitui a expressão da profunda religiosidade do povo da região, também observável nas ofertas ao Santuário. Ex-votos e iconografia dos mais variados tipos concentram-se na Capela das promessas. De particular destaque é um conjunto de quatro jibóias, uma das quais oferecidas em 1818 por um emigrante no Brasil.
Localizado na freguesia de Cervães, o Santuário de Nossa Senhora do Bom Despacho, foi construído no séc. XVII. A fachada é tipicamente minhota, de contornos simples e harmoniosos, com dois altos campanários. A planta é rectangular e o altar fica situado entre duas grandes rochas que lhe dão um aspecto de gruta. A 10 de Agosto de 1644 foi celebrada a primeira missa.
O fundador deste Santuário foi o eremitão, João da Cruz, natural da freguesia de Bela, em Monção: estando gravemente doente, pediu a cura a Deus e prometeu erguer um altar dedicado à Virgem, caso fosse curado. Com as esmolas que ia recebendo, deu início à construção.
O primeiro domingo de Junho é o dia da festa anual da qual faz parte uma procissão, a missa campal e a feira. Na véspera, a imagem da Senhora é levada para uma Igreja de uma freguesia vizinha, seja do concelho de Vila Verde ou Barcelos.
É a partir daqui que tem início a procissão que vai terminar no Santuário de Nossa Senhora do Bom Despacho.A participação da população na organização desta festa é muito grande. Os diversos lugares da freguesia constroem arcos nas ruas onde vai passar a procissão que são decorados com flores e lenços regionais. No chão, fazem tapetes de flores com motivos vegetalistas e religiosos que, juntamente com os arcos, criam um ambiente de muita cor.
A disputa entre os lugares da freguesia é também uma tradição e manifesta-se na dimensão do arruado, conjunto de arcos construído, e no tapete mais bonito.
No dia da procissão, são colocadas colchas nas janelas, em sinal de devoção, alegria, festa e respeito pela Virgem. Às crianças está atribuída a função de atirarem flores à passagem do andor.
De acordo com a promessa que esteve na origem da construção do Santuário, são fundamentalmente atribuídas à Senhora do Bom Despacho a concessão de graças relacionadas com a saúde.
Porém, também lhe são dirigidos pedidos de protecção para a fertilidade e gravidez da mulher e a produção agrícola.
O Santuário de Mixões da Serra é dedicado a Santo António, cuja celebração se realiza no dia 13 de Junho. Situa-se em Mixões da Serra, freguesia de Valdreu, na zona mais montanhosa do concelho de Vila Verde e nele se realiza uma das tradições mais emblemáticas da região, que é a Bênção dos animais.
A origem desta tradição está relacionada com a proteção que os pastores pediram a Santo António na sequência de um período em que os rebanhos eram dizimados pelos ataques dos lobos e pela peste. Em sinal de reconhecimento, foi erguida a Capela de Santo António de Mixões da Serra, que viria a dar origem ao atual Santuário, cuja data de construção se desconhece, embora a data inscrita no cruzeiro a que estará associado, seja de 1607.
As festas de Santo António decorrem no dia 13 de Junho, dia em que se realizam diversas actividades religiosas. Porém, o dia mais importante, é o domingo imediatamente anterior. É neste dia que o largo fronteiro do Santuário se enche de milhares de pessoas e animais para participarem na cerimónia da Bênção dos animais.
Desde o nascer do dia, nas regiões adjacentes a Mixões da Serra (concelhos de Vila Verde, Ponte de Lima, Terras de Bouro, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca), encontramos grupos de pessoas e animais enfeitados, que se dirigem em romaria para cumprirem promessas ou pedir a proteção do Santo para os seus animais. Atualmente os animais que participam neste ritual não são só o gado bovino, mas também cavalos, cabras, ovelhas e até cães e gatos.
Um dos elementos que se atribuiu a esta cerimónia especial particularidade é o facto de os animais serem benzidos um a um. De facto, o sacerdote, no final da missa campal, percorre o recinto demoradamente a benzer os animais.Para além da cerimónia da Bênção dos animais, assiste-se também ao cumprimento de promessas de que fazem parte as voltas ao Santuário, de pé ou de joelhos, com imagens de animais em cera e o retiro em oração no interior do Santuário.
A par destes actos religiosos, Santo António de Mixões da Serra enche-se de tascas de comes e bebes, restaurantes improvisados, vendedores de fruta, pão e doces típicos. A animação é assegurada pelos grupos de folclore, cantares ao desafio, bandas de música e uma sessão de fogo de artifício que encerra as festividades.