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“A Tocata Tradicional de Vila Verde é constituída por concertina (instrumento de palheta), cavaquinho, viola braguesa ou ramaldeira e violão (instrumento de corda); flauta de cana (instrumento de sopro); e reque-reque, ferrinhos e bombo pequeno (instrumento de percussão). Dentro dos instrumentos tradicionais populares de Vila Verde, temos ainda aqueles que constituem os grupos Zés Pereiras, principalmente as gaitas de foles, os grandes bombos e as caixas, que ainda agora abrilhantam algumas festas do concelho, isoladamente ou acompanhados por cabeçudos, gigantones ou amazonas.”
Manuel Barbosa Rodrigues, Vila Verde 1989/90
A Concertina, do grupo dos aerofones, veio substituir a tradicional e popular harmónica. Distingue-se do acordeão pelo facto de produzir sons diferentes ao abrir e fechar. Para além disso, o acordeão só apareceu numa fase mais tardia, não chegando a integrar a tocata popular e tradicional.
O seu caráter harmonioso e melódico é ideal para conceder a qualquer música o tom de festividade e alegria que tão bem exprime o sentimento e a cultura minhota.
O Cavaquinho é um cordofone de pequenas dimensões e caracteriza-se por um timbre e um ritmo harmoniosos. Pode ser tocado sozinho, como instrumento harmónico, para acompanhar o canto, mas geralmente integra um conjunto de instrumentos tipicamente festivo. É também conhecido por machinho e, apesar de assumir características diferentes, é usado um pouco por todo o país. Há dois tipos de cavaquinho: o tipo minhoto e o tipo de Lisboa.
Instrumento profundamente popular e de uso estritamente festeiro, o cavaquinho é particularmente interessante quando tocado na forma de rasgado ou varejado, que é a mais tradicional. É um dos instrumentos mais populares da tocata de Vila Verde, apesar de ter sido trazido por um povo vindo do norte de Espanha, os "Biscaínhos".
A Viola Braguesa, também conhecida por Ramaldeira, pertence ao grupo dos cordofones e foi também trazida pelo Biscaínhos para a tocata vilaverdense. A viola é muito usada na região do Baixo Minho, onde assume o nome e a forma de braguesa, e é particularmente interessante quando são usadas as formas tradicionais de tocar: a forma de rasgado e a de varejado.
A viola é o instrumento básico de acompanhamento nas rusgas e chulas da região, ao serviço de cantares, despiques e danças de carácter profano e lúdico, ligeiro e extrovertido. Pode dizer-se que é o instrumento de acompanhamento por excelência da música popular minhota, em geral, e da vilaverdense, em particular.
O Violão pertence ao grupo das cordas e é um dos instrumentos mais habituais na tocata portuguesa em geral. Terá sido introduzido no nosso país no séc. XIX. Devido ao facto de a viola praticamente ter desaparecido nas outras regiões do país, o violão passou a ser conhecido apenas por viola. Mas, no Noroeste português, a viola continua a ser um instrumento primordial, pelo que o violão conserva ainda o seu nome.
Na tocata tradicional do Baixo Minho, e de Vila Verde em particular, o violão é tocado como instrumento de acompanhamento na forma tradicional de pontiado. Pode mesmo dizer-se que é o mais importante instrumento de acompanhamento, indissociável das danças e cantares típicos vilaverdenses e do Minho em geral.
Pertencente ao grupo dos aerofones, este tipo de flauta começou por ser um instrumento individual, rural e campesino, usado pelos guardadores de gado para afastar a solidão. Aos poucos, foi-se incluindo na tocata tradicional, como instrumento de acompanhamento e também de solo. Hoje é indispensável nos grupos musicais vilaverdenses, em festas e romarias; é também usado em atos cerimoniais, onde é o instrumento melódico e preponderante.
Este curioso instrumento pertence ao grupo dos idiofones fricativos e supõe-se que tenha sido trazido do Brasil, sendo, no entanto, originário de África. É composto por um pau dentado, com 70 cm de comprido, em média, tocado através da fricção com outro pau (geralmente cana rachada), mas pode assumir as mais variadas formas e decorações. São geralmente esculpidos de forma a representar figuras humanas, podendo partir de uma tábua lisa de madeira ou da raiz de uma árvore.
Na tocata, o Reque-Reque marca o ritmo. De facto, a sua forma é tão rudimentar que se pressupõe que tenha sido criado na região apenas como um instrumento de barulho, apesar de uma possível origem africana não ser totalmente descabida.
Os Ferrinhos também são usados para marcar o ritmo e acompanhar a dança. É um instrumento percutivo ou fricativo, constituído por um triângulo de ferro, aberto num dos ângulos e perdurado por uma fita. Os ferrinhos são tocados com recurso a um outro pequeno ferro, chamado batente.
Diz-se que talvez tenham aparecido por volta do séc. XV, de origem e uso geral europeu, e são utilizados um pouco por todo o país.
O Bombo pertence ao grupo dos membrafones. Apesar de a sua execução parecer fácil, o som que emite é muito forte, logo, uma pancada mal tocada pode estragar toda a harmonia do grupo e prejudicar mesmo a dança. Tem, como facilmente se deduz, o objectivo de marcar o ritmo e o compasso da música.
Os bombos são por vezes tocados em grandes grupos de percussão, nas paradas e nos cortejos festivos, um pouco por todo o norte de Portugal. Pelo seu poder rítmicos e pela sua forte sonoridade, os grupos de bombos têm um impacto muito forte no seu auditório.