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O actual território de Vila Verde foi constituído, em 24 de Outubro de 1855, com a extinção de outros antigos coutos ou concelhos medievais: Aboim da Nóbrega, Cervães, Larim, Penela, Pico de Regalados, Prado, Valdreu e Vila Chã.
O território de Vila Verde […] ofereceu sempre condições propícias à instalação de comunidades humanas desde os mais remotos tempos pré-históricos. De facto, nas plataformas montanhosas centrais – Monte do Borrelho, desenvolvem-se extensas chãs onde abundam vestígios da época megalítica, sobretudo na sua forma funerária: as mamoas e antas. Ocupando situações estratégicas privilegiadas numa região potencialmente agrícola pela abundância dos cursos de água, revelam também importantes testemunhos da ocupação desde o período Proto-histórico ao Medieval (S. Julião, Barbudo, Santa Helena, Santo Ilus) numerosos montes e outeiros de média altitude espalhados um pouco por todo o concelho. Nestes “lugares antigos”, castros, castelos ou citânias, sítios arqueológicos bem conhecidos das populações, correspondem a uma forma de ocupação específica do Noroeste da Península Ibérica, durante a idade do Ferro.
Muitos destes povoados sobreviveram à chegada dos romanos, encontrando-se em muitos destes vestígios que testemunham a aculturação das populações indígenas, mantendo-se nalguns casos (S. Julião e Barbudo) ocupados até à época medieval. Outros foram abandonados, tendo os seus habitantes sido integrados na organização socio-económica do mundo romano. No ano 173 a.C., as legiões romanas alcançaram pela primeira vez os territórios desconhecidos do Noroeste da Hispânia. Será, no entanto, necessário mais um século para pacificar as aguerridas tribos que ocupavam estes territórios. No concelho de Vila Verde, a presença dos romanos está testemunhada, quer nos castros quer nas terras baixas e associam-se a um dos aspectos mais significativos da romanização: a construção de pontes e estradas. As fundações da Ponte Velha de Goães e Caldelas, os vestígios da via Braga-Tuy, a 4ª do Itinerário de Antonino e os marcos miliários de Prado, constituem os testemunhos mais importantes da presença dos romanos nestas paragens.
No século V da nossa era, povos bárbaros, oriundos da Europa Central, põem fim ao domínio imperial romano no Ocidente, iniciando-se então um novo período na História da Europa, a Idade Média. Os vestígios dessa época traduzem as características históricas dominantes: o estado de guerra generalizada e a insegurança das populações, a sólida implantação do cristianismo e o nascimento das nações europeias. Em Vila Verde, os testemunhos mais antigos deste período, reflectindo um empobrecimento da vida material e cultural, surgem-nos essencialmente sob a forma de vestígios de redutos ou povoados fortificados, alguns como exemplos específicos da ocupação medieval – Castelo roqueiro de Aboim da Nóbrega, a atalaia do Borrelho em Dossãos, local fortificado de S. Miguel de Prado -, outros como provável readaptação de castros e castelos – Castelo de Barbudo, Castelo do Monte dos Francos em Rio Mau e Côto dos Mouros em Dossãos ou ainda o Castelo do Vairão, em Gomide. Da fase mais adiantada da Idade Média, tempo em que se desenham já elementos culturais novos a par de uma progressiva abertura sócio-económica, existem numerosos testemunhos monumentais entre pontes, vias, torres e igrejas de traça românica.
O século XVIII, nascido sob o signo da riqueza aparente do ouro do Brasil, manifesta-se em Vila Verde através de uma arquitectura civil e religiosa, de traça por vezes indefinida, que traduz a ostentação e a necessidade de ascensão social características desse tempo. Como exemplos mais significativos da arquitectura barroca encontramos o Solar de Carcavelos, a Casa da Madalena, o Solar de Febros, a Casa de Serrazim ou ainda o Solar do Fundão. Também o grupo escultórico e a Igreja de Soutelo, a Capela de S. Miguel-o-Anjo (Rio Mau) e a Capela de S. Sebastião (Sande), são exemplos da rica produção deste período. Finalmente e do séc. XIX são conhecidos neste concelho mais de cinquenta lugares e/ou elementos rurais com interesse antropológico e etnográfico – conjuntos rurais arcaicos, velhos caminhos, povoamentos de montanha, espigueiros, moinhos, azenhas, eiras, antigas formas de emparcelamento e um “fojo do lobo” em Gondomar. De Bezeguimbra a Aboim, de Mixões da Serra a Casais de Vide, vai toda uma tradição, uma cultura, uma forma de viver que merece ser estudada e visitada.
O actual território de Vila Verde foi constituído, em 24 de Outubro de 1855, com a extinção de outros antigos coutos ou concelhos medievais: Aboim da Nóbrega, Cervães, Larim, Penela, Pico de Regalados, Prado, Valdreu e Vila Chã. Pico de Regalados, primitivamente, foi couto dado por D. Afonso Henriques ao Arcebispo de Braga, D. Paio Mendes. Foi tido como um dos mais antigos e aristocráticos do País. D. Manuel I concedeu-lhe foral em 13 de Novembro de 1513. Vila Chã e Larim foram os primeiros forais concedidos por D. Afonso III. A Penal, também conhecido por Penela, Portela de Penal ou Portela das Cabras, foi-lhe concedido foral por D. Manuel I, em 6 de Outubro de 1514. Prado recebeu foral de D. Afonso III, concedido em 1260. D. Manuel I confirmá-lo-ia em 1510. Nessa altura, boa parte do território do actual concelho aparece na posse da poderosa família da condessa Mumadona e do seu marido, o conde Hermenegildo Gonçalves. Durante o séc. XI, nota-se no território do actual concelho uma espécie de logradouro da alta nobreza portucalense, descendente directa da referida condessa. Até ao séc. XVII, a freguesia de Vila Verde não se distinguiu das outras do concelho a que pertencia. Porém, nos princípios do séc. XVIII, parece que seria já sede do concelho de Vila Chã, com uma importante feira mensal. Desde aí, continuou num progresso contínuo, até que, por ocasião das reformas administrativas de 1855, os antigos municípios foram extintos e unificados sob a designação de Vila Verde.
Textos de Henrique Regalo
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