Rota das Colheitas: uma malhada de Feijão como manda a tradição na Loureira
Updated on 16/08/2016A Loureira estreou-se este ano nas andanças da Rota com a recriação de uma malhada de feijão à moda antiga. As vestes de outrora e as alfaias agrícolas, o eco dos malhos a compasso e das vozes das desgarradas, a animação e o convívio no fim da jornada. Tudo preparado a preceito, como manda a tradição. A iniciativa decorreu durante a tarde de ontem, 15 de agosto, e insere-se na programação Na Rota das Colheitas, do Município de Vila Verde, que de agosto a novembro brinda os participantes com mais de 30 iniciativas numa viagem pela herança cultural da tradição minhota. A festa continuou, durante o dia na Loureira com Festival da Rádio Voz do Neiva, inserido no evento Loureira em Festa – Arraial do Emigrante, com uma autêntica maratona de música popular que levou dezenas de artistas ao palco colocado na Zona da Ponte Nova.
O dia soalheiro deu o tónico para uma tarde extremamente agradável. Pouco passava das 16h00, quando as vozes afinadas e os acordes dos instrumentos da música popular começaram a tomar conta do recinto. Uma viagem no tempo que ganhou contornos mais reais com os trajes e as alfaias de outrora. O som dos malhos a compasso ecoava pelas redondezas à medida que os homens quebravam os pés de feijão dourados pelo sol. Com a violência do impacto, as vagens abriram e libertaram os grãos de feijão. De seguida, as mulheres começaram a separar os grãos da palha. Primeiro com um ancinho para retirar a parte maior e depois com um crivo, para uma peneiração mais eficaz. A malhada não ficaria completa sem uma merenda, com destaque para as afamadas sopas de cavalo cansado, que ajudaram a fortalecer o corpo e o espírito. No final da iniciativa a animação prosseguiu as atuações do Rancho Típico das Lavradeiras de Aboim da Nóbrega e do Rancho Folclórico de Santo Eulália de Cabanelas.
Presente no evento, o presidente do Município de Vila Verde deixou rasgados elogios à iniciativa. António Vilela frisou a importância de preservar a herança cultural vilaverdense, transmitindo-a às gerações mais jovens, e de a promover, valorizando e dinamizando o território. “A Loureira juntou-se pela primeira vez à Rota com uma das tradições de Vila Verde, que é um concelho principalmente agrícola.
O edil realçou também a atitude e o vigor de um dos malhadores, Francisco Peixoto, que com quase nove décadas de existência ainda consegue brandir o malho. “A Junta e a população Loureira estão de parabéns pela promoção da Ponte Nova, uma zona emblemática do concelho. É necessário aproveitar e impulsionar as potencialidades do concelho. Obrigado por estarem a fazer este trabalho para a freguesia, para o concelho e para a nossa cultura e tradição”, concluiu. Por sua vez, o presidente da Junta de Freguesia da Loureira, Pedro Dias, agradeceu “a presença de todos e, de forma especial, dos intervenientes, que uniram esforços para realizar esta malhada tradicional de feijão”. Pedro Dias sublinhou ainda que acredita que a iniciativa veio para ficar e que vai crescer nas próximas edição da programação turístico-cultural Na Rota das Colheitas.