A sublime e delicada fragrância das artes instalou-se em Vila Verde. Meia centena de artistas nacionais uniram-se em tempos de pandemia para o projeto artístico coletivo ‘De Casa para um Mundo…’, uma exposição itinerante que vai ‘perfumar’ a Biblioteca Professor Machado Vilela até ao dia 8 de outubro, com entrada gratuita.
A sessão de inauguração decorreu durante a tarde de ontem, 11 de setembro, e arrancou com um momento de música ao vivo. A vilaverdense Sílvia Pinto, dona de uma voz que encantou o país, protagonizou uma atuação arrebatadora que emocionou muitos dos presentes numa simbiose perfeita com o pianista José Paulo Ribeira.
Seguiram-se as intervenções institucionais e uma visita guiada a cargo de Helena Mendes Pereira, que revelou as origens de um projeto criado por Sobral Centeno e Manuel Novaes Cabral, com curadoria de Fátima Lambert.
15 + 15 + 15 = 15
Ainda nos primeiros dias do primeiro confinamento, estes criadores inquietos começaram a procurar formas de se reinventarem e continuarem a criar em tempos de pandemia. Aí surge uma ideia disruptiva. Unir em cada obra não só diferentes visões, mas também diferentes expressões artísticas de forma dialogante. O resultado está à vista num cálculo que desafia as leis da matemática. 15 escritores + 15 artistas plásticos + 15 compositores = 15 obras de arte que convidam a uma viagem algures entre a literatura, a música e as artes visuais. Foram ainda convidados 5 designers, que fizeram outros tantos cartazes com a sua visão ‘De casa para um mundo’.
“Tudo começa na palavra. O escritor envia uma frase que tem que integrar a obra. Esta é a regra”, revelou Helena Mendes Pereira, destacando o papel fundamental na tecnologia para quebrar as barreiras da distância. Mais tarde, por sugestão de Paula Freire, surge a música. Os compositores recebem uma imagem ou até a própria obra e nela se inspiram para a composição musical que pode (e deve) ser ouvida enquanto se aprecia a obra, através de um QR Code. A exposição tem ainda o condão de atravessar gerações, juntando artistas consagrados de renome nacional e internacional a diamantes emergentes na cultura nacional.
HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO
Presente na sessão, a Vereadora da Cultura não escondeu a satisfação perante mais um momento alto para a cultura em Vila Verde. Júlia Fernandes destacou a qualidade de “uma exposição extraordinária, de enorme beleza” que vai certamente fazer as delícias dos visitantes. Numa altura de grande adversidade, perante um cenário desconhecido, “conseguimo-nos superar para ultrapassar as dificuldades, esta é a grande capacidade do ser humano, de se adaptar e inovar”.
Por sua vez, o diretor da Bienal Internacional de Arte de Cerveira começou por agradecer a colaboração ao Município de Vila Verde. Cabral Pinto sublinhou também o facto de os artistas estarem acostumados com o trabalho em ‘isolamento’, nos seus ateliês, o que lhes permitiu continuar a criar mesmo em confinamento. “Foram muitos os que refletiram nas suas obras a amplitude do vírus e divulgaram nas redes sociais esta pandemia, mostrando como a arte pode unir-se na luta contra a doença”, referiu. Depois de integrar a XXI Bienal Internacional de Arte de Cerveira, o projeto tornou-se itinerante. “Passou por Monção, Matosinhos e Vigo, antes de chegar agora a Vila Verde. Não sabemos onde vai parar”, concluiu.
Município de Vila Verde, 12.9.2021