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A Ponte de Prado, que muito tem já de antiga, evoca célebres amores de um Rei Leonês com uma ilustre dama natural desta vila.
Depois de uma enorme cheia que quase havia destruído a ponte e verificando o monarca o mau estado da mesma, enviou imediatamente ordens para a sua reconstrução.
Consta desde então que o motivo que levara o rei Leonês, residente em Braga, a tomar tal atitude, fora o facto de ter obrigatoriamente de atravessar a ponte aquando das suas visitas à tão amada dama. Pensa-se, no entanto, que os célebres amores de D. Branca Guterres com o monarca Leonês não são lendários, aconteceram mesmo, do que aliás nos dá notícia uma inscrição que apareceu numa pedra na referida vila.
Assim, o rei Leonês podia visitar D. Branca de dia ou de noite, acompanhado da sua polícia ou disfarçado em homem do povo, sem ter sequer de admitir que seus amores fossem prejudicados por uma ponte que causava pânico a quem sobre ela passava.
No lugar de Borges, na freguesia de Aboim da Nóbrega, onde ainda hoje existe uma fonte com alminhas, ladeando uma casa (fonte do Dente-Santo), onde vivia um homem de nome Manuel António Martins (1920), que possuía um dente de S. Frutuoso - abade de Constantim (Vila Real), o qual tinha poderes excecionais para curar mordedelas de cão raivoso. Este Dente foi referido já no séc. XVII e a tradição diz que o dente tinha mais de oitocentos anos.Manuel António pertencia à família de "Os do Feitor", ou "Dentes-Santo", a qual teria recebido o dente dum fidalgo solteiro, que à hora da morte o deixou a um criado. O Dente Santo ou Dente de São Frutuoso, teria igualmente sido oferecido diretamente pelo Santo ao Fidalgo, antes de morrer, dizendo-lhe: Quem possuir este dente não será rico, mas será sempre remediado, e nunca passará necessidades. Só poderá ser possuído por um varão. O dente foi assim passando de geração em geração. Conta-se que muitas pessoas vinham procurar, a Borges, as benzeduras do Dente-Santo, e que ninguém do lugar teria morrido com a doença da "raiva". A benzedura era feita com o dente (que estava pendurado numa corrente de prata) acompanhada da seguinte reza: "Em nome do Padre, do Filho e do Espírito Santo / E de S. Frutuoso / Eu te benzo / E tocado por mim nunca serás raivoso".
Conta-se que, certo dia do ano de 1818, um emigrante português residente no Brasil caminhava pelas estradas brasileiras, quando se sentiu cansado e resolveu sentar-se no que lhe pareceu um tronco de árvore.
Então, subitamente, o tronco começou a movimentar-se e, olhando, o emigrante viu que se tinha transformado numa cobra gigantesca. Nessa hora de aflição, o homem apelou para a boa vontade da Senhora do Alívio, prometendo-lhe a pele da cobra, caso a santa a matasse. Com a força da Senhora, o emigrante conseguiu pegar na faca de mato que levava à cintura e lutou muito com a possante criatura, até a matar. Em agradecimento e cumprimento da promessa, trouxe a pele da cobra para Portugal, oferecendo-a à Nossa Senhora do Alívio, no seu santuário. Aí estão hoje expostas outras peles de cobra, vindas de diversas partes do Mundo, de lugares onde portugueses passaram apuros e apelaram à ajuda da Nossa Senhora do Alívio, como por exemplo os soldados que foram defender a pátria, em África, durante a guerra colonial.
Coucieiro é uma das freguesias que compõem o concelho de Vila Verde. Esta freguesia apresenta um facto histórico e lendário passado à volta dum fidalgo, dono de uma quinta que, ainda hoje, é conhecida pela quinta de D. Sapo. Este fidalgo dominador das suas terras e daqueles que as trabalhavam representava o Rei e tinha todos os privilégios reais ou por El-Rei concedidos, mais aqueles privilégios que, estando tão longe o Rei, o tal fidalgo inventou, ou seja, dormir com a noiva, após o casamento, quando essa noiva fosse dos seus domínios.
Certo dia, um alfaiate encantou-se por uma dessas noivas condenadas ao tal privilégio e, quando foi avisado do que ia suceder, pensou na aceitável vingança - apresentar-se ao fidalgo (disfarçado de noiva) e liquidá-lo. Se bem pensou, melhor o fez e na noite, após o casamento, apresentou-se ao D. Sapo, disfarçado de noiva, e, com a sua arma (a tesoura) matou D. Sapo. Começaram todos e todas a temer a sua sorte e o próprio alfaiate, temendo a justiça que de El-Rei viria por homicídio do seu representante, pensou ir ao Rei confessar o seu crime, o que fez desta forma: -Venho apresentar-me a Vossa Majestade, pedindo que me absolva, pois lá para a região dos Senhores de Regalados matei um Sapo.
El-Rei pensou e, olhando para tão humilde confissão, diz: -Se mataste um sapo (diz-lhe El-Rei não se lembrando do fidalgo) é mais um, menos um, disso estás perdoado! O alfaiate ganhou coragem e acrescentou: esse sapo é o fidalgo D. Sapo lá da nossa terra que, talvez abusando dos privilégios, queria dormir com a minha noiva. O Rei, possivelmente não gostou, mas tinha dito: - estás perdoado - e palavra de Rei não volta atrás. E foi assim que os homens daquela localidade ficaram livres para usufruir daquilo porque ansiavam na noite do casamento.
Uma jovem acompanhada do seu pai viajava pela estrada fora. Assim que encontraram um rochedo que fazia boa sombra, o pai e a filha Joana pararam para descansar.
Joana também tinha muita sede, mas ali não havia água e a que levavam consigo já tinha acabado.
Decidiu, então, procurar um riacho. Quando encontrou um os seus olhos iluminaram-se de alegria. Bebeu toda a água que lhe apeteceu e também se refrescou. Mas, de repente, uma bela voz masculina disse-lhe muito baixinho:
— Por vós, transformar-me-ia num rio, se necessário fosse!
A jovem, muito assustada, levantou-se. Olhou em volta e disse:
—Ia jurar que ouvi uma voz de homem… No entanto, não está aqui ninguém…
E voltou a ouvir aquela linda voz:
— Enganai-vos… Também eu estou aqui e bem perto de vós! Olhai para baixo, para a minha água.
— Estarei louca… (disse a jovem) ou um riacho pode falar como um homem?
— Não só pode falar como também amar. Sim…sou eu o riacho que vos fala.
Mas, Joana continuou um pouco assustada e o riacho explicou:
—Qualquer riacho como eu, quando é descoberto pela primeira vez e a pessoa que o descobre é uma donzela, pode falar… ouvir… e até amar! Para isso basta que os vossos lábios toquem na minha água e me digam baixinho: amor!
A donzela, apesar de desconfiada, experimentou o que o riacho tinha dito.
De repente, aparece, muito preocupado, o pai dela, pensando que ela se tinha perdido.
A jovem não contou nada do que tinha acontecido a seu pai. E lado a lado continuaram a sua viagem, mas um ruído estranho perseguia-os.
Quando caiu a noite, os viajantes procuraram um lugar para dormir. Mas, a Joana desejava tanto saber se o riacho tinha cumprido a sua promessa e se viera atrás dela até ali. Aquele ruído não poderia ser outra coisa… Com muito cuidado para não acordar seu pai, saiu e foi procurar o riacho.
Qual não foi o seu espanto ao ver que o riacho era agora um belo rio.
Contudo, a donzela continuou curiosa e questionou o rio:
—Tendes só voz? Não tendes figura?
O rio perguntou-lhe:
—Gostaríeis de me ver?
—Ai! Gostaria tanto!
Então, o rio realizou o desejo da sua amada:
—Aqui estou!
Foi então que surgiu o pai da jovem muito zangado:
—Joana! Atraiçoaste-me! Foste ter com um homem!
—Senhor meu pai… eu explico-lhe.
Mas ele nem sequer a quis ouvir:
—Não quero explicações! Vamos! Já não terás descanso até ao final da viagem.
O rio feito homem ficou ali a observar a linda donzela que se afastava.
Diz-se que, no dia seguinte, muita gente ouviu uma voz estranha vinda dos lados do rio e que perguntava com ansiedade:
_ A senhora passou por aqui?... Respondei-me, por favor! Passou por aqui? Passou?...
Esta pergunta, mil vezes repetida e ouvida por alguns que já não são deste mundo, deu o nome àquelas terras, ficando a chamar-se Passô. E o rio que a banha, tem o nome de rio Homem!
Das mouras que viviam antigamente no Monte do Castelo, havia uma que costumava muitas vezes vir de noite, sozinha, beber da água de uma fonte.
Numa época de excessiva estiagem foi-se a água reduzindo a ponto tal que desapareceu e a moura não deixava de prantear a ausência da sua água favorita. Volvido enfim o Inverno e restituída à fonte e à moura a deliciosa água continuou ela no seu inalterável hábito.
Um frade do convento de Santo António, que estava situado na margem do Castelo para a Fonte, recolhia-se uma vez muito tarde de regresso de uma aldeia muito longínqua onde fora missionar com outro companheiro que, morrendo no caminho, deu causa a tanta demora; avistando um vulto estranho de mulher, fora de horas e desacompanhada, pôs logo em observação toda a sua curiosidade de frade-confessor e foi seguindo à distância e em silêncio o objeto que tanto o espantava.
Chegada à fonte a moura que era formosa na sua cor, deu pela presença do frade que se aproximava demais e perguntou-lhe com que direito e para que fim a espreitava; ao que o frade respondeu: que vendo uma mulher tão formosa, só, a horas tão remotas e em lugares tão ermos, vinha protegê-la contra qualquer eventualidade perigosa que porventura lhe sucedesse. A moura agradeceu penhoradíssima.
Nada mais disse a moura e nada mais disse o frade. Adormeceram... Este diálogo e mais outros pormenores deram rebate no Castelo onde tudo se ouvia por encanto e a moura-mestra (...), tirando-se dos seus cuidados, apareceu repentinamente no local do sinistro e, vendo apenas folhas de laranjeira na grinalda de folhas e flores que antes ornava a fronte da sua subordinada, condenou ao encanto eterno o frade, que então se transformou em sardão, e fez da moura uma roseira que ainda hoje dá sombra e camélias, junto da fonte.
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