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O traje de Vila Verde é, como qualquer traje, um reflexo da vida das pessoas que o envergavam no séc. XIX e ínicio do séc. XX. Ele é mais rico e variado na mulher que no homem.
Assim, possuímos três grandes variantes do traje, que indicam, só por si, as atividades que o homem (ou mulher) possuíam: quer os de trabalho, quer os de lazer. Essas variantes são: o traje de encosta, que é um traje de festa ou também designado por Domingueiro (pois era colocado pelas pessoas ao domingo para ir à missa), este possui uma variante, o traje de noiva. Nele só a mulher vai diferente, com alguns aspectos como o ramo, o guarda chuva, o véu de tule e o xaile.
A segunda variante principal é o traje de Ribeira, Lavradeira ou de Feira, que indica como se depreende, o seu uso, quando o homem ou a mulher se deslocam à feira. É um traje que procura um certo compromisso entre o traje Domingueiro e o traje de trabalho, situando-se assim num meio termo. Este é-nos indiciado pelo lenço ou xaile garrido que a mulher usava para cobrir o busto ou pelo cachené que ela colocava à cabeça. No homem pouco ou nada mudará em relação ao traje Domingueiro. Finalmente, a terceira variante, designado por de trabalho ou de uso geral, é, como o nome indica, o traje de trabalho. Aqui destacamos o chapéu de palha, usual nos trabalhos do campo, para proteger do sol o trabalhador, bem como as botas, as meias grossas, os socos, a croça, etc.
Traje destinado para a Boda, Festa e Romaria, e, finalmente, deixado para a Mortalha. Constituído pela jaqueta ou casaca, a saia e o avental guarnecidos a vidrilhos, veludo, cetins e rendas, onde o preto predominava contrastando com o abundante ouro e o branco do véu, ou com as cores garridas dos lenços de tapete, de pedida ou de namorados e de cinta. É, por tudo isto, o traje por excelência de Vila Verde, originário dos montes deste Concelho e Terras de Bouro.
O Traje Domingueiro ou de Festa, masculino, não é tão criativo como o feminino, razão pela qual não varia muito de terra para terra ou mesmo de região para região. Mas em dias especiais, de Festa e Romaria, os Homens da Terra aprumavam-se vestindo calça, colete de pelúcia e casaca ou jaqueta (com alamares dourados ou prateados), predominantemente em preto, acompanhados pelo uso de sapatos de pele atanada pespontados a branco com rebordo a vermelho, ou bota igualmente de pele atanada, cardada ou não, contrastando com a camisa de linho bordada a vermelho e/ou branco, a faixa preta ou vermelha e o uso de chapéu predominantemente preto.
O Traje de Noivos, variante do Traje de Encosta, é a continuação, na versão cerimonial, do Traje Domingueiro ou de Festa. Tanto no traje feminino como no masculino a cor que predomina é preto. O Homem vestia calça e botas pretas, próprias de cerimónia, camisa de linho bordada especialmente a branco, colete e casaca pretos de pelúcia e chapéu preto. A Mulher vestia saia, avental e casaca pretas ricamente guarnecidas a vidrilhos, veludos e rendas, e chinelos pretos contrastando com as meias brancas. O branco também marcava presença no véu em tule de algodão igualmente bordado a branco. O abundante ouro era presença obrigatória neste dia, símbolo do dote da mulher minhota. Salienta-se, porém, pela sua unicidade, o facto da mulher não levar o ramo na mão mas sim um pequeno ramo de flores de laranjeira colocado no peito sobre o lado esquerdo com grandes fitas de seda branca pendentes, simbolizando a pureza da noiva. Para além disto, ela levava um xaile de seda no braço direito, símbolo do seu enxoval e também um guarda-sol com o fim de embelezar o seu traje.
O Traje da Ribeira, de Feira ou Lavradeira, é originário da parte Este e Sudoeste do Concelho de Vila Verde. Apresenta-se como o segundo traje mais importante da nossa terra, já que as Feiras foram, e ainda o são em certa medida, o maior ponto de permuta de culturas e de géneros agrícolas desta região, assim como de animais de criação caseira. Este traje constituído, na Mulher, pelo colete ou corpete preto guarnecido a vidrilhos ou de linho bordado a gosto; a saia e avental pretos; a blusa de linho fino bordada a branco; a algibeira, o xaile e o cachené. O traje masculino pouco ou nada varia em relação ao domingueiro.
As roupas que o povo usava no dia-a-dia, isto é, para o seu árduo trabalho agrícola eram de uso comum para todos os trabalhos. Como tal as mais velhas, as mais usadas, as mais resistentes e as mais práticas, como a saia simples acompanhada pelo avental tecido em teares manuais, ou as calças de cotim, as chancas e socos, as blusas ou camisas de linho mais grosseiro e os chapéus de palha para se protegerem do sol ou até mesmo da chuva. No Traje de Trabalho masculino surge também a croça usada pelos guardadores ou chamadores de gado.