Ontem, 30 de setembro, a maçã Porta-da Loja foi o foco da 4ª Conferência da iniciativa “Património com Alma” subordinada ao tema “Maçã Porta-da-Loja: uma alma perfumada”, que contou com a participação especial dos oradores António da Mota Alves, Presidente da ATAHCA e de Raúl Rodrigues, Professor Adjunto da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima e de Júlia Fernandes, Vereadora da Educação, Cultura e Ação Social do Município de Vila Verde, na moderação.
Na abertura da conferência, a Vereadora Júlia Fernandes, referiu que esta seria uma conferência dedicada ao “nosso património natural, à maça Porta-da-Loja tão característica da nossa região, com a sua alma perfumada que a todos consola”. Caracterizou-a como “uma maçã da nossa infância, que nos transporta aos tempos dos nossos avós e nos traz à memória cheiros e sabores”.
Na sua curiosa exposição António da Mota Alves referiu a maçã Porta-da-Loja como uma “maçã muito rústica, com sabor e aroma característicos e que se adapta ao território do baixo Minho”. Desta maçã deu, ainda, a conhecer a sua história, a origem do nome, as plantações, a conservação, o transporte para as feiras rurais e urbanas, as tradições ligadas às épocas festivas do Natal e da Páscoa.
Lançou o desafio de se manter a tradição de na noite de Natal, após a ceia fazerem-se “Sopas de maçã Porta-da-Loja” assando-as no borralho, colocando-as em malgas e regando-as com vinho verde tinto aquecido adoçado com açúcar.
Por sua vez, Raúl Rodrigues com o seu trabalho de prospeção, recolha, preservação e caracterização dos recursos frutícolas deu a conhecer um pouco do património frutícola do Minho e a maçã Porta-da-Loja em particular, salientando que “a maçã Porta-da-Loja tem uma alma perfumada e um coração bondoso”. Foram múltiplos os conhecimentos transmitidos desde os nomes bizarros de algumas maçãs, o potencial da diversidade frutícola para o desenvolvimento sustentável da região, a necessidade de preservar algumas destas frutícolas de modo a evitar a sua extinção, uma vez que as árvores fruteiras não se propagam sozinhas e necessitam de intervenção do homem, até à necessidade de registar o património genético destas espécies, pois nele também reside a segurança e a identidade do país.
Em suma, esta conferência possibilitou conversar por mais de uma hora sobre uma maçã, permitindo um crescendo na curiosidade e nas descobertas em torno de uma singela peça de fruta, contudo carregada de história, tradição, aroma e sabor!
O “Património com Alma” é uma iniciativa conjunta da Casa do Conhecimento de Vila Verde, da Biblioteca Municipal Professor Machado Vilela e do Serviço de Ação Cultural, em parceria com a Rede de Casas do Conhecimento, concretamente com a Casa do Conhecimento da Universidade do Minho, a Casa do Conhecimento de Boticas, a Casa do Conhecimento Montalegre.
Município de Vila Verde, 1.10.2021