ROTA DAS COLHEITAS – Escariz S. Martinho: A bênção das Colheitas celebra-se como manda a tradição!
Updated on 01/10/2018A XVII Festa das Colheitas chegou a Escariz S. Martinho. Muito animada e participada, a iniciativa decorreu no lugar da Igreja, no passado fim de semana (29 e 30 de setembro) com um programa cultural diversificado que despertou o interesse de diferentes gerações. O grande destaque das festividades gira à volta da ornamentação da igreja da freguesia. Todos os anos, várias pessoas da terra unem-se para embelezar o espaço religioso para louvar e agradecer ao céu o sustento que a terra concedeu. Este ano não foi exceção e os altares estavam decorados não só com flores, mas, essencialmente, com vários produtos agrícolas frescos e de muita cor. Pimentos, maças, feijões, cabaças, milho e tantos outros alimentos foram utilizados para criar autênticas obras de arte que ajudaram a dar mais brilho à igreja paroquial da freguesia.
Das tradições agrícolas à música popular, escarizenses e visitantes não perderam a oportunidade de passar dois dias em convívio e boa disposição. No primeiro dia, sábado, foram várias as pessoas que se juntaram no início da tarde (14h00) para mostra que o pulsar do mundo rural está bem forte com um cortejo etnográfico. Um desfile que contou com inúmeras oferendas, animado pelo som das concertinas e dos cavaquinhos, dois instrumentos que retratam a tradição musical do Minho. Sem perder tempo e com grande vontade, um conjunto de mulheres e homens, resistentes ao calor, saíram do recinto da igreja em direção ao campo do milho (16h00). Entre lenços de folclore e chapéus de palha, as mulheres estavam na fila da frente para dar início à tradição: o corte do milho.
Gorete Alves: “Uma vida muito alegre, toda a gente dançava, cantava”
Com o ritmo da música popular, os homens também ficaram com vontade de ajudar e mostrar que é um trabalho que sabem fazer. O pároco da freguesia foi uma das pessoas que se juntou aos trabalhos e até chegou a dizer que “quando era mais novo fazia isto e gostava muito!”. Nesses instantes, um dos espetadores afirma em voz alta: “Ó homem do caraças! Mostre lá como se faz!”. (risos) Em poucos minutos, terminaram a tarefa que lhes competia. Gorete Alves conta que é uma iniciativa que a deixa muito feliz, apesar de ser um trabalho que exige esforço. “Esta vida sempre foi um bocadinho dura, mas também não há nada que não se faça. Recordo-me de tantas coisas boas quando isto acontece…nós tínhamos uma vida muito alegre, toda a gente dançava, cantava. Era tudo muito bonito, deixa saudades”, recordou.
Depois de estar tudo cortado, os homens chegam-se à frente para carregar as canas de milho até ao trator. Como manda a tradição, o final da iniciativa contou com uma merenda bem composta. Duas jovens raparigas trouxeram cestas com broas de milho e pataniscas caseiras com o vinho verde a acompanhar. Com várias pessoas a assistir, foram momentos de grande animação e confraternização. A festa continuou no adro da igreja com as concertinas e cantares populares. Nessa altura, as portas para a exposição do concurso de fotografia com tema livre já estavam abertas. As paredes estavam repletas de retratos sobre mundo rural que foram, durante os dois dias de festividades, apreciados por diversas gerações.
Júlia Fernandes: um evento “bonito, animado e acolhedor”
Pelas 20h30, deu-se a emblemática desfolhada do milho. Novos e velhos arregaçaram as mangas e levaram a cabo uma das mais conhecidas recriações das práticas agrícolas ancestrais, com a festa da concertina e dos cantares ao desafio marcar o ritmo da iniciativa. A vereadora da cultura sublinha que esta atividade é muito positiva para a Festa das Colheitas de Escariz: “É realmente interessante e, mais uma vez, correu muito bem. As pessoas participam imenso e, como diziam algumas pessoas que estavam aqui, que nem são naturais da freguesia, ‘gostávamos de cá vir porque recriámos e nos lembramos como era antigamente’”. Júlia Fernandes reforça ainda que este tipo de atividades permite que os mais novos conheçam a vida de outrora. “Queremos que seja também uma pedagogia para os mais jovens, mostrando aquilo que os seus avós faziam, percebendo quando estamos a degustar uma excelente broa de milho de onde é que vem, como se faz e de todo o esforço que o povo precisa de colocar para que o alimento chegue à mesa”, referiu Júlia Fernandes. Termina o discurso com um tom satisfeito, dizendo que o evento “é bonito, animado e acolhedor, uma vez que as pessoas podem experimentar, podem meter a mão na massa”.
No dia seguinte, domingo, as festividades começam com uma celebração religiosa com o intuito de demonstrar a gratidão pelas colheitas. Uma eucaristia transmitida pela Rádio Voz do Neiva. Logo a seguir, a Feira das Colheitas coloca à disposição dos visitantes os produtos frescos do campo cultivados pelos agricultores locais. A meio da tarde, depois do leilão de lotes de madeira (lenha), deu-se o Festival Folclórico. Dois grupos culturais da região (rancho folclórico da Senhora da Pena – Carreiras S. Miguel e Rancho Típico Infantil de Vila Verde) atuaram às 16h30 com muita diversão e entusiasmo e fecharam a décima edição da Festas da Colheitas. Esta iniciativa faz parte da vasta programação da Rota das Colheitas, do Município de Vila Verde, e conta com a organização da Junta da União de Freguesias de S. Mamede e Escariz S. Martinho e da paróquia.
Município de Vila Verde, 01.10.2018